
Qual o misterioso mecanismo que faz com que os organismos “aprendam”
determinados comportamentos sem que tenham lhes sido ensinados? Segundo o
biólogo inglês Rupert Sheldrake*
todos os elementos do universo estão sujeitos a um campo mórfico que
organiza, distribui e repassa informações uns para os outros. A este
conceito Skeldrake denominou Campos Morfogenéticos.
“Morfo vem
da palavra grega morphe que significa forma. Os campos morfogenéticos
são campos de forma; padrões ou estruturas de ordem. Estes campos
organizam não só os campos de organismos vivos mas também de cristais e
moléculas. Cada tipo de molécula, cada proteína por exemplo, tem o seu
próprio campo mórfico – a hemoglobina , um campo de insulina, etc. De um
mesmo modo cada tipo de cristal, cada tipo de organismo, cada tipo de
instinto ou padrão de comportamento tem seu campo mórfico. Estes campos
são os que ordenam a natureza. Há muitos tipos de campos porque há
muitos tipos de coisas e padrões dentro da natureza…”, explica Sheldrake
em seu livro A New Science of Life (Uma nova ciência da vida),
publicado em 1981.
Porém, como é costume no meio científico,
houve, além de aclamação, revolta. Duas das principais revistas
científicas da Inglaterra dedicaram ensaios polêmicos. A New Scientist
elogiava o trabalho como “uma importante pesquisa científica”, e a
Nature o considerava “o melhor candidato à fogueira em muitos anos”.
Assim
como aconteceu com Galileu, Einstein e tantos outros, toda vez que
alguém se dedica a postular uma teoria diferente da corrente tradicional
os ânimos se acirram. Pois há pouco mais de 30 anos, a imensa maioria
dos biólogos limitavam-se a reduzir a complexidade da vida a meras
interações físico-químicas entre moléculas e o DNA era a resposta para
todos os fins. Sabemos, no entanto, que o fluxo da vida é muito mais
impressionante que os reducionistas querem fazer parecer.
Um
exemplo claro desse fato: a ciência tradicional ainda não conseguiu
explicar como um simples aglomerado de células idênticas – dotado de um
mesmo material genético – pode gerar um ser único, totalmente diverso de
qualquer outro e, mesmo assim, este indivíduo sabe exatamente o que
deve fazer desde o nascimento até o seu inevitável fim. E, um aglomerado
de indivíduos – uma espécie inteira – possui seu repertório próprio de
conhecimento que vai sendo disseminado por meio de um campo mórfico que
reverbera, ressoando conforme as tendências, de indivíduo em indivíduo
até perpassar por todos os integrantes daquele grupo específico.
Tanto
para o bem, como para o mal, os campos mórficos vão se estabelecendo
entre os grupos de energias afins, ressoando alegria, satisfação,
receios, angústias etc. Foi o que aconteceu na recente polarização
ocorrida entre grupos de opiniões antagônicas antes e após as últimas
eleições. A fúria e o descontrole generalizado tomou conta de
praticamente todas as redes sociais e as ruas. Ataques gratuitos e de
uma violência que destoam totalmente da mundialmente reconhecida
característica do brasileiro, a cordialidade.
A biologia
tradicional enfatiza que tal fato ocorre devido à ocorrência de
interações entre vizinhanças das células (outras células ou o meio
ambiente) e que estes causam a ativação ou inativação de determinados
genes. Esta é a típica explicação reducionista, pois, como explicar que
interações entre partes vizinhas, sujeitas a inúmeros fatores casuais
e/ou acidentais, podem produzir um resultado de conjunto claro e
uniforme? Mesmo com todas as possíveis falhas, a teoria dos campos
morfogenéticos é ainda a mais plausível.
Eles levam
informação, não energia. A energia apenas une os indivíduos em grupos
que reverberam a mesma informação. O tempo e o espaço nada significam
para estes membros já que os campos perpassam quaisquer distâncias. São
campos não físicos que influenciam sistemas que possuam afinidades.
“Os
campos morfogenéticos agem sobre a matéria impondo padrões restritivos
em processos de energia cujos resultados são incertos ou
probabilísticos. Os Campos Mórficos funcionam modificando eventos
probabilísticos . Quase toda a natureza é inerentemente caótica. Não é
rigidamente determinada. Os Campos Mórficos funcionam modificando a
probabilidade de eventos puramente aleatórios. Em vez de uma grande
aleatoriedade, de algum modo eles enfocam isto, de forma que certas
coisas acontecem em vez de outras. É deste modo como eu acredito que
eles funcionam”, explica Sheldrake.
Átomos, moléculas,
cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades,
ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma
dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São
eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma
totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.
Sheldrake batizou esse processo de transmissão de “ressonância mórfica”. Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva. Em nosso exemplo, a ressonância mórfica entre os membros de um grupo “a favor” de determinada facção política, chegasse a todos os membros que ressoassem neste mesmo sentido, sem que para isso fosse utilizado qualquer meio usual de transmissão de informações.
Membros da SGI no mundo
todo reverberam morficamente um conjunto de informações que não apenas
conscientizam, mas evocam seus membros a unirem-se em torno de uma nova
era, calcada em mudanças de hábito sérias visando o aprimoramento
individual e, em conseqüência, o coletivo.
* Rupert Sheldrake é um biólogo, bioquímico, parapsicólogo, escritor e palestrante inglês. Pesquisador em bioquímica e fisiologia vegetal, descobriu junto com Philip Rubery, o mecanismo de transporte da auxina. Participou, na Índia, do desenvolvimento de técnicas de cultivo no semi-árido hoje usadas amplamente. De volta à Grã-Bretanha, dedica-se a escrever, dar palestras e pesquisar um modelo de desenvolvimento teleológico, do qual faz parte a teoria dos campos morfogenéticos. Entre seus livros estão O renascimento da natureza, Cães sabem quando seus donos estão chegando e A sensação de estar sendo observado.
http://www.bsgi.org.br/noticia/tudo-ressoa-20150123/