Os exercícios são exigentes, mas o objetivo das versões infantis do cross fit e da
ioga não é pegar pesado na malhação, mas estimular a consciência corporal desde
cedo para evitar problemas posturais e sedentarismo.
O cross fit, treino com inspiração militar, começa a conquistar seus primeiros
pequenos adeptos por aqui com versões leves, sem carga.
Já um novo livro de ioga introduz, com linguagem acessível, as posturas básicas
e os métodos de respiração para crianças.
Os exercícios são lúdicos –sem que a técnica seja explicitada diretamente.
Na ioga, os pequenos treinam a postura, aprendem a relaxar e têm mais controle
sobre o corpo, para não tensioná-lo em momentos de maior pressão, por exemplo.
"Nunca é cedo para entender a importância da atividade física e ter consciência
da postura", diz Lúcia Barros, jornalista e coautora de "Vamos Brincar de Estátua?".
O livro, lançado na segunda (20), traz posturas básicas da prática indiana,
como a da montanha. A criança fica em pé, ereta, com o peso do corpo distribuído
entre as pernas. Os braços caem, relaxados ao lado do corpo. O pequeno praticante
deve também respirar fundo e, como a montanha, permanecer firme, forte e
invencível.
"Ao tratar a ioga como a brincadeira de estátua, a gente passa técnicas
importantes, como a permanência em cada postura", diz. "A ioga trabalha todos
os grupos musculares de forma leve, a respiração e também massageia os
órgãos internos", afirma Márcia De Luca, professora de ioga e coautora do livro.
Lúcia diz que estimulou as filhas gêmeas, Laura e Rachel, 7, a praticarem ioga.
As duas são modelos das posturas no livro. "Elas adoram e fazem tudo direitinho."
Já no cross fit, há adaptações nos equipamentos destinados ao público infantil.
A tradicional kettebell, bola de ferro com alça, usada no treino dos adultos,
não está presente nas aulas das crianças. A barra com peso é substituída por
um bastão de PVC.
"Tudo é passado na forma de brincadeira, mas a criança é estimulada a se superar",
diz o educador físico Tiago Heck, especializado em cross fit infantil.
Manuela Figer, 7, faz parada de mão em aula de cross fit para crianças, em
academia de São Paulo.
Nas aulas, há saltos com marcações no chão para desenvolver a coordenação e o
equilíbrio. A técnica, diz Heck, é pensada para a criança fazer os movimentos
corretamente sem esforço.
"Eu falo, por exemplo, que ela pode imaginar que tem uma borboleta voando na mão
para que ela estique os braços e endireite as costas no agachamento", explica.
A assessora de eventos Flavia Figer, mãe de Manuela Felipe Figer, 7, afirma que
se questionou antes de escolher levar a filha para o cross fit.
"Fiquei com medo de lesões, mas vi que na modalidade infantil ele é leve e lúdico",
diz. "A Manuela fica mais disposta e com mais vontade de fazer as atividades da
escola; a postura ao sentar melhorou muito também."
O médico Nabil Ghorayeb, chefe da seção de cardiologia do esporte do
Instituto Dante Pazzanese, diz que a atividade para crianças deve ser moderada e
sem carga.
A avaliação física e cardíaca antes do início dos exercícios e no decorrer da
prática é indispensável.
No limite, o excesso na atividade física pode levar a problemas de crescimento,
pela sobrecarga imposta. A criança, diz ele, também tem risco mais elevado de
fraturas.
"É necessário um descanso de pelo menos 24 horas entre uma prática e outra."
Na ioga, o especialista pondera que posturas avançadas podem levar a criança a
atingir batimentos cardíacos elevados e, por isso, devem ser evitadas.
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