segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Poka Yoke, uma técnica de gestão da qualidade baseada em soluções simples


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“Poka Yoke”; ou “pocá-ioquê”, para os íntimos. Esse nome, tão curioso, é de origem japonesa e significa “à prova de erros”. A partir daí, já dá para se ter uma ideia da natureza dessa ferramenta, que foi criada no Japão e implantada no Sistema Toyota de Produção já faz algum tempo. Pois é, o nome até pode ser engraçado, mas a função do Poka Yoke é muito séria: trata-se de um sistema de inspeção desenvolvido para prevenir riscos de falhas humanas e corrigir eventuais erros em processos industriais, sempre por meio de ações simples.
Poka Yoke surgiu nos anos 1960, quando Shigeo Shingo, hoje considerado um gênio da engenharia, liderava a produção da Toyota. Não havia um dia em que ele não se deparasse com falhas humanas, que resultavam em produtos defeituosos: e, por isso, não havia um dia em que não ficasse irritado. Diante disso, Shingo começou a desenvolver técnicas que, por vingança, chamou de Baka (“idiota”, em japonês) Yoke (“à prova de”), em um processo que dispensa traduções. Aos poucos, porém, as técnicas foram aprimoradas, se provaram profundamente eficazes e ganharam aderência. Para não ofender ninguém, Shingo trocou o Baka por Poke.
Hoje, o Poka Yoke é uma técnica absolutamente consagrada de gestão em processos industriais, mas não só: a lógica da ferramenta se ampliou, de modo que ela pode ser aplicada a qualquer situação que envolva riscos de falhas ou defeitos. Como a administração do seu negócio, por exemplo.
Algum exemplo de aplicação?
O próprio Shigeo Shingo nos deu um exemplo icônico de aplicação do Poka Yoke. Quando um cliente o avisou de que alguns interruptores produzidos pela Toyota estavam vindo sem mola – o que impossibilitava o funcionamento -, o engenheiro conversou seguidas vezes com a equipe. Mas o efeito persistia, e ele acabou desenhando o seguinte processo: todas as peças do interruptor deveriam ser colocadas em um prato, para só então serem montadas. Se, ao final desse processo, sobrasse uma peça no prato, algo teria saído errado.
E o que Poka Yoke tem a ver com o meu negócio?
Se não tudo, quase tudo. Isto é, se sua empresa lida com produção ou montagem de algum tipo, apesar de você talvez conseguir aplicar o método em diferentes processos. Essa é uma ferramenta de gestão de qualidade das mais eficazes, que já foi validada de várias formas por empresas de todo o mundo. Ou seja, está mais do que provado que ela é capaz de auxiliar a reduzir seus custos com falhas humanas e de processos, ou de problemas com defeitos em produtos.
Em outras palavras, o Poka Yoke pode impedir que os erros de agora se transformem em defeitos lá na frente.
O pensamento por trás desta ferramenta é o de que, se há uma imperfeição em algum processo, é possível tomar atitudes descomplicadas para resolvê-la antecipadamente. E isto, acredite, pode ser muito melhor do que tentar resolver depois, com o produto ou serviço já concluído. Os custos com desperdícios e retrabalhos seriam muito maiores.
Faz sentido. Agora, como posso usar a ferramenta?
De acordo com especialistas no assunto, são seis os passos essenciais que o empreendedor deve seguir para aplicar o Poka Yoke em suas atividades:
1) conheça a falha a ser corrigida: é preciso que você compreenda exatamente o defeito de produto, de serviço ou de execução de alguma etapa que deva ser contornado. Para facilitar esta etapa, registre o defeito por meio de fotos, vídeos e/ou transcrição de narrativas.
2) compreenda as causas: entender o que levou à ocorrência dos defeitos e das falhas é fundamental para corrigi-los. De acordo com uma cartilha produzida pelo Movimento Empreenda (disponível aqui), os defeitos são originados por dez causas principais:
1 – Não executado por falta de processamento
2 – Erro na execução ou no processamento
3 – Erro na disposição/no posicionamento dos elementos
4 – Ausência ou excesso de elementos
5 – Utilização de elemento errado
6 – Execução ou processamento de elemento errado
7 – Falha do equipamento
8 – Erro de ajuste
9 – Falha na preparação do equipamento
10 – Ferramentas ou dispositivos inadequados
E as principais falhas humanas são:
1 – Falta de concentração ou esquecimento
2 – Inércia mental, decisão “sem pensar”, excesso de familiaridade
3 – Análise superficial e/ou rápida; identificação errônea
4 – Falta de experiência, amadorismo
5 – Imprudência ou teimosia
6 – Distração momentânea
7 – Lentidão na ação, demora na decisão
8 – Ausência de padrão, falta de procedimento
9 – Situação inesperada, surpresa
10 – Má fé ou intencional
3) cogite soluções: primeiro, pergunte-se: como a falha pode ser prevenida? Se não conseguir responder, tente descobrir como o defeito pode ser detectado o quanto antes. Ou, ainda, se a falha ou o defeito deve ser detectado de forma direta (sem interferência humana) ou indireta (com interferência humana).
4) verifique a eficácia da solução: para que seja a mais eficaz possível, a solução Poka Yoke deve eliminar a falha ou o defeito de forma simples, sem grandes impactos na sua gestão de custos. Deve fazer parte do processo, sendo executada no local em que a falha ocorre, e deve evitar que esta falha seja passada para a próxima etapa.
5) implante a solução: faça isso em toda a empresa.
6) registre-a: ao final do processo, colete o máximo de informações que conseguir a respeito dos ocorridos, comparando os resultados obtidos. Isto será extremamente útil para o desenvolvimento de outras soluções Poka Yoke no futuro.
Legal! Onde posso encontrar mais informações sobre a ferramenta?
Há informações bem completas naquele link que passamos acima, no portal do Movimento Empreenda. E neste link do site NovoNegócio, você encontra mais detalhes sobre as origens e as aplicações do Poka Yoke. Embora mais direcionado à indústria, nunca se sabe: vai que você tira daí uma nova ideia para evitar falhas e reduzir custos?

Kaizen: a sabedoria milenar a serviço da sua melhor gestão


 
03, jul, 15
Descubra como a filosofia  Kaizen pode ajudar sua gestão a reduzir custos e aumentar a produtividade
Mais uma vez embarcamos rumo à terra do sol nascente. Depois de atravessarmos o globo em busca de definições para o Poka Yoke e o 5S, agora é o conceito de Kaizen que vamos pesquisar lá no outro lado do mundo. E mais uma vez vamos entender porque, quando se trata de filosofia para organizar práticas e melhorar a produtividade no ambiente de trabalho, ninguém supera os japoneses.
Pois sim: Kaizen vem do japonês, e significa “mudança para melhor”.
Hoje implica a ideia – na verdade, a filosofia de melhoria contínua na vida em geral – seja pessoal, familiar, social e profissional.
Claro que aqui daremos mais ênfase a este último caso.
O conceito tem de fato sua origem no meio industrial. Surgiu após a Segunda Guerra Mundial, quando várias empresas japonesas passaram a aplicar práticas que depois foram englobadas pelo termo. Desde então, os princípios do Kaizen se espalharam por todo o mundo, e hoje são utilizados em diversas outras áreas que não apenas a de produtividade.
Um dos grandes responsáveis por este movimento é o professor Masaaki Imai. Considerado o pai do Kaizen, é autor de um livro fundamental para o assunto – “Kaizen – The secret to Japans competitive success” e fundador do Kaizen Institute, por meio do qual leva os ensinamentos e as práticas em questão para todo o mundo.
Mas para que serve, exatamente?
No contexto da uma empresa, as práticas de Kaizen trazem aquilo que todo empreendedor procura: redução de custos e aumento de produtividade. De acordo com os ensinamentos do professor Masaaki, isso ocorre a partir do pressuposto que as pessoas podem melhorar continuamente no desenvolvimento de suas atividades.
Ele professa que o trabalho coletivo deve prevalecer sobre o individual; que o ser humano é visto como um dos bens mais valiosos de uma organização, e que deve ser incentivado a direcionar seu trabalho para as metas compartilhadas da empresa, sem que deixe de atender às suas necessidades pessoais. No Kaizen, satisfação e responsabilidade são valores coletivos.
Para Masaaki Imai, existem alguns “mandamentos” para a aplicação da filosofia em uma empresa:
  • O desperdício deve ser eliminado, pois melhorias graduais devem ocorrer continuamente.
  • Todos os colaboradores devem estar envolvidos, de gestores do topo até intermediários e pessoal de base.
  • O Kaizen é baseado em uma estratégia barata; acredita-se que um aumento de produtividade pode ser obtido sem investimentos significativos, sem a necessidade de se aplicar somas astronômicas em tecnologias e consultores.
  • Pode ser aplicado em qualquer lugar e não somente dentro da cultura japonesa.
  • Apoia-se no princípio de uma gestão visual, de total transparência de procedimentos, processos e valores, tornando os problemas e os desperdícios visíveis aos olhos de todos;
  • A atenção deve ser dirigida ao local onde se cria realmente valor, ou seja, o chão de fábrica (isto no caso de uma indústria – no da sua empresa, priorize o ambiente de trabalho).
  • O Kaizen é orientado para os processos.
  • Dá prioridade às pessoas; acredita-se que o esforço principal de melhoria deve vir de uma nova mentalidade e de um estilo de trabalho diferente por parte das pessoas. Isso por meio da orientação pessoal para a qualidade e para valores como: espírito de equipe, sabedoria, moral e autodisciplina.
  • O lema essencial da aprendizagem organizacional é: aprender fazendo.
Mas como posso aplicar o Kaizen à prática?
De acordo com os preceitos de Imai, existem três formas de se implementar as práticas no ambiente empresarial:
Kaizen para administração – envolve as mais importantes questões, garantindo o progresso na implantação e no moral do grupo. Segundo Imai, um gerente deve dedicar pelo menos 50% do seu tempo a este aprimoramento, que se relaciona às mais diversas práticas – desde utilizar papel de rascunho para impressão até o compartilhamento de informações importantes. Isto depende de seu perfil de empreendedor.
Enfim, você deve transformar estas práticas em padrão, e fazer com que todos da sua empresa o sigam. Se as pessoas são capazes de acompanhá-lo, mas não o fazem, você deve implementar a disciplina. Se elas não são capazes de seguir o padrão, o ideal é que sejam oferecidos treinamentos – ou que se revise o padrão para que a aplicação se torne mais fácil.
Kaizen para o grupo – no ambiente de uma empresa, o processo de melhoria contínua está intimamente associado ao espírito de equipe. Isso implica o envolvimento de todas as pessoas da sua organização no aperfeiçoamento dos processos.
Os grupos de Kaizen devem ser formados por pessoas de todas as áreas da sua empresa. E o objetivo aqui é aprender a utilizar as técnicas nas soluções dos problemas. Cada grupo deve ter um líder, que assumirá o papel de informar aos participantes sobre o andamento dos processos, além de transformar informações em ação.
Os grupos de Kaizen costumam atuar da seguinte forma: realiza-se um estudo de todos os problemas a serem solucionados. Deve se definir se as soluções são fáceis ou se haverá a necessidade de auxílio do ciclo PDCA, que tem por princípio tornar mais claros e ágeis os processos na execução de uma gestão. E além do PDCA, outras ferramentas poderão ser utilizadas, como diagramas de causa e efeito e o 5W2H.
Kaizen voltado para pessoas – Ocorre na forma de sugestões. A ideia é estimular as pessoas a demonstrarem mais empenho em realizar as suas tarefas. Esse sistema deve ser bem dinâmico e funcional, servindo de avaliação de desempenho para funcionários de todas as esferas, sem exceção.
Enfim, este é apenas um artigo introdutório sobre a filosofia Kaizen. Para se aprofundar no tema, recomendamos as seguintes leituras abaixo: